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Wittgenstein: a luz e a sombra do sentido da vida


Mauricio Silva Alves*

Cada um sabe a dor e a delícia
De ser o que é
Não me olhe
Como se a polícia andasse atrás de mim
Cale a boca e não cale na boca
Notícia ruim
(Caetano Veloso. Dom de iludir.)

RESUMO: Há nestas páginas, tentativa de se registrar a maneira como Wittgenstein e é herdeiro de certa tradição que, em filosofia, fez esforços para mostrar como um pensamento correto não pode estar associado aos imperativos da vida cotidiana, daquilo que é ordinário e, num segundo, como o filósofo que consegue romper com essa tradição e reforçar a indicação que a vida ordinária é a produtora dos possíveis sentidos da existência. O que se pode exprimir? Eis a questão fundamental e básica proposta no Tractatus. Desse modo, conforme a introdução feita pelo próprio Wittgenstein, o sentido do livro resumir-se-ia às seguintes proposições: “o que é de todo exprimível é exprimível claramente; aquilo que não se pode falar, guarda-se em silêncio.” (Tractatus-Prólogo, p.27).
Palavras-chave: Sentido de vida. Luz e sombra. Fato. Proposição. Inexprimível.

INTRODUÇÃO

Wittgenstein compôs uma filosofia na qual os olhos parecem dirigir-se ao mundo e aos homens. Sobre o mundo parece prevalecer, para o filósofo, o espetáculo da natureza em sua incrível diversidade. Sobre o homem o desconcerto de sua solidão interior, bem como de seu mecanismo de comunicação: a linguagem. É sobre tal base que ele se formula a questão de saber se as proposições linguísticas podem representar tudo àquilo que se apresentam no mundo, tudo aquilo que é pensado, tudo aquilo que é sentido e pressentido. Wittgenstein se dá conta da incapacidade da linguagem. Se as palavras são limitadas, é melhor guardar, num primeiro momento, o silêncio renunciando, por assim dizer, a toda especulação e, num segundo, contentar-se com o exame da multiplicidade das linguagens humanas.
     O filósofo austríaco do século XX, afirmara  vez que tinha enorme respeito por aqueles que, não se calando, tentavam dizer o que, para ele, não poderia ser dito porque não haveria condições de dizer (que ele resume em uma conhecida frase: "Aquilo que não pode ser dito, deve calar- se"). Para o filósofo, quem se dedica a isto é como alguém que se atira em um "salto", a fim de expressar um desejo de falar o que estaria para além da linguagem. Com certeza, pensava Wittgenstein, deveria existir "alguma coisa" a qual estes ditos apontavam. Mas, por não existir um modo adequado para dizer, quem o fizesse acabaria por afirmar coisas com pouco ou nenhum sentido. Kierkegaard e Heidegger, por exemplo, seriam deste tipo de pessoa - que "tenta dizer o que não pode ser dito". Ainda segundo Wittgenstein, a angústia faz parte destas "coisas" aparentemente impossíveis de serem ditas e conceituadas com justeza, embora seja incontestável sua existência para qualquer ser humano. É preciso, então, dar este "salto". E ele encontra justeza nas reflexões de Kierkegaard direcionando nossa atenção às suas palavras e intuições sobre a angústia.
     Nesse encadeamento, a relação entre linguagem e mundo, livre da função particular que proposições científicas possam ter no interior dessa relação. O mesmo ato esboçado que analisa as interconexões entre vida cotidiana e linguagem necessitam debruçar filosófico sobre a questão: “O problema da vida permanece intocado mesmo diante da possibilidade de se resolver todos os problemas científicos”. (TLP 6.43).

WITTGENSTEIN E AS PROPOSIÇÕES

     Na perspectiva adotada no Tractatus, a linguagem está sempre referida ao mundo e, só adquire validade quando fundamenta uma imagem do mundo, isto é, dos fatos. Mas, para que isso ocorra, uma exigência deve ser cumprida: os fatos têm que ser mostrados com total exatidão, caso contrário, só restará o absurdo. Por quê? Responde Wittgenstein: “Os limites da linguagem são os limites do meu mundo” (Tractatus, 5.6).
     Em outras palavras, diríamos que a totalidade das proposições é a própria linguagem – como esclarece Wittgenstein no aforismo 4.001 de seu Tractatus. Portanto, as proposições e as questões que têm sido escritas acerca de termos filosóficos, não são, na sua maior parte, falsas, mas sem sentido. Assim, não podemos responder a questões desse gênero, mas apenas estabelecer sua falta de sentido.
As proposições e o pensamento assim como concebe Wittgenstein, são literalmente uma pintura – não se trata apenas de uma metáfora. Se relutarmos em aceitar as frases, por meio das quais transmitimos nossas ideias, são pinturas daquilo que nos referimos, isso, se deve à tendência da linguagem de disfarçar o pensamento, até tornar impossível conhecê-lo. Citemos a defesa dessa tese por Wittgenstein:

A linguagem mascara o pensamento. E tanto assim que da fora exterior da roupa não se pode produzir a forma do pensamento mascarado; porque a forma exterior da roupa é concebida não para deixar conhecer a forma do corpo, mas para fins inteiramente diferentes (Tractatus, 4.002.).

     Ora, se o mundo pode ser conceituado como a totalidade dos fatos e a linguagem como uma forma de expressá-los, então a expressão do pensamento são as próprias proposições. Isto é, as proposições são “aquilo que apresenta ponto a ponto um fato, elas consistem na própria linguagem do fato ou do mundo factual” (Tractatus, 4.024). Em outros termos, diríamos que o pensamento é a proposição com sentido. A proposição, por isso mesmo, é a pintura lógica dos fatos, ela é uma imagem da realidade: “Se eu compreendo a proposição, então conheço a situação por ela representada. E compreendo a proposição sem que seu sentido me tenha sido explicado” (Tractatus, 4.021).
     As proposições são, por conseguinte, simples modelos da realidade, tal qual a pensamos. São por assim dizer, as figuras da relação figura-figurado enquanto consistem na expressão ou representação da realidade.
     Escreve Wittgenstein: “Aos objetos só posso dar nomes. Os sinais são seus mandatários. Só posso falar deles, não posso exprimi-los. Uma proposição só pode dizer como uma coisa é, não o que não é.” (Tractatus, 3.221).
     A proposição é, conforme afirma Wittgenstein no aforismo 3.12 do seu Tractatus, o sinal proposicional na sua relação projetiva com o mundo. Isto implica, por sua vez, que à proposição pertence tudo que pertence à projeção, mas não o que é projetado. Pertence a ela a possibilidade do que é projetado, mas não este mesmo. Esclarece Wittgenstein: “na proposição está contido a forma, mas não o conteúdo do seu sentido” (Tractatus, 3.13).
     Qual será, todavia, a essência de uma proposição? Dar a essência de uma proposição quer dizer dar a essência de toda a descrição, logo, a essência do mundo. Isso porque a proposição comunica-nos uma situação e, consequentemente, tem que estar em conexão com ela. E a conexão é justamente ser ela sua imagem lógica. Em outras palavras, conforme Wittgenstein: “a proposição só declara alguma coisa na medida em que é uma imagem.” (Tractatus, 4.03).
     Mais uma vez, verificamos existir um perfeito paralelismo entre o mundo e a linguagem. Contudo, não se pode concluir disso, que a linguagem e o mundo sejam a mesma coisa, mas apenas que o acesso ao mundo é feito por meio do pensamento e da linguagem, que o exprime. O mundo do indivíduo são proposições que o representam; seu mundo é a sua linguagem, porque o mundo e a vida são conforme atesta Wittgenstein no aforismo 5.621 do seu Tractatus, um, isto é, a mesma coisa. Assim, minhas experiências enquanto indivíduo são primitivas de meu mundo, intransferíveis a qualquer outra pessoa: eu sou o meu mundo. Revela-se aqui a posição solipsista (o solipsismo é uma tendência filosófica que sustenta que o indivíduo constitui por si só toda a realidade). Wittgenstein é ainda mais radical: seu solipsismo nem sequer admite a existência do sujeito pensante. Ele explica:
Se eu escrevo um livro ‘o mundo como eu o encontrei’ então teria de relatar também o meu corpo e dizer quais dos membros se submetem à minha vontade e quais são os que não se submetem, etc.; isto é um método de isolar o sujeito ou, antes, de mostrar que num sentido importante o sujeito não existe: só dele que não se podia falar neste livro. (Tractatus, 5.631).

Isso denota que para Wittgenstein somente as proposições tem sentido, pois um nome só tem denotação em conexão com a proposição e, a cada parte da proposição que caracteriza o seu sentido, Wittgenstein chama de expressão (um símbolo). O que é, todavia, uma expressão? “Expressão é tudo o que, sendo essencialmente para o sentido da proposição podem ter em comum entre si. A expressão assinala tanto uma forma quanto o conteúdo” (Tractatus, 3.31).
     Como dissemos anteriormente, uma proposição em si, não é provável, nem improvável, porque um acontecimento dá-se ou não se dá, ou seja: não existe meio termo. Mais do que isso, uma proposição só pode ser verdadeira ou falsa, por ser uma imagem da realidade. Todavia, como explica Wittgenstein:
A proposição pode apresentar a realidade inteira, mas não pode apresentar aquilo que ela tem em comum com a realidade para poder apresentar, a forma lógica. Para podermos representar a forma lógica, teríamos que nos poder situar com a proposição fora da lógica, isto é: “fora do mundo” (Tractatus, 4.12).

A proposição não pode, assim, representar a forma lógica, pois esta se espelha nela. Logo, tudo o que se espelha na linguagem, ela não pode representar, isto é: o que se exprime na linguagem, nós não podemos exprimir através dela. Isso equivale a dizer, segundo Wittgenstein, que “o que pode ser mostrado não pode ser dito” (Tractatus, 4.1212).
     A realidade, por conseguinte, tem que ser fixada pela proposição em si ou não. Para isso, ela tem que ser completamente descrita pela proposição. A proposição é a descrição de um estado de coisas. Esclarece Wittgenstein: “A proposição mostra seu sentido. A proposição mostra como as coisas se passam, se é verdadeira. Ela diz que as coisas se passam assim” (Tractatus, 4.022).
     Assim, a proposição não é uma mistura de palavras, como tema musical não é uma mistura de notas, a proposição é articulada. Wittgenstein explica isso, quando diz que “a proposição exprime de maneira simples e claramente assinalável (...) a proposição é articulada” (Tractatus, 3.251). Desta maneira, uma proposição só é imagem de uma situação real à medida que é composta logicamente. Só terá sentido, portanto, quando não passar de um mero amontoado de palavras. Isso enquanto seus elementos internos estiverem, logicamente, articulados. Enfim, á graças a articulação lógica interna que a proposição pode representar os fatos, pois, nenhuma proposição pode declarar alguma coisa sobre si própria, isto é, o sinal proposicional não pode estar contido em si mesmo. Esclarece Wittgenstein: “A proposição determina um lugar no espaço lógico. A existência desse lugar lógico é garantida exclusivamente pela existência das partes constituintes, pela existência da proposição com sentido” (Tractatus, 3.4).
     Em síntese, segundo Wittgenstein, no aforismo 4.024 de seu Tractatus, compreender uma proposição significa saber qual é o caso, isto é, se ela é ou não verdadeira. Em outras palavras, compreendemo-la, se compreendemos suas partes constituintes.
     O que se pode exprimir? Eis a questão fundamental e básica proposta no Tractatus. Desse modo, conforme a introdução feita pelo próprio Wittgenstein, o sentido do livro resumir-se-ia às seguintes proposições: “o que é de todo exprimível é exprimível claramente; aquilo que não se pode falar, guarda-se em silêncio.” (Tractatus-Prólogo, p.27).
     Desse modo, na filosofia de Wittgenstein, três elementos relacionam-se entre si: a realidade, pensamento e linguagem. A realidade está aí, o pensamento é a interpretação da realidade, e a linguagem é a expressão do pensamento. À identidade lógica entre a estrutura da realidade, à estrutura do pensamento e a estrutura da linguagem chamamos de Isomorfia.  Só a linguagem que cria uma imagem do mundo, pensa Wittgenstein, é que tem sentido; isto é, uma linguagem que, por sua forma lógica reflita a estrutura dos fatos. São os fatos que constituem a realidade, não as coisas. A realidade é o mundo – daí se concluir que o mundo é determinado no Mundo, fatos, proposições. Como Wittgenstein os conceitua? Fatos e não por objetos.

MUNDO

     Comecemos com a definição de mundo, com a qual Wittgenstein inicia o Tractatus: “O mundo é tudo que é o caso.” (Tractatus, 1). No parágrafo seguinte, 1.1; lê-se: “O mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas” (Tractatus, 1.1). Isso significa que o mundo é determinado por estruturas complexas, isto é, pelos fatos, e não pelos objetos, ou seja, pelos elementos simples. Do exposto, segue-se que: “Esta estrutura do campo de compreensão é determinada não por coisas, nem por qualidades ou relações, mas por fatos definidos” (STENIUS, 1960, p.24).
     Por outro lado, mesmo que o mundo seja infinitamente complexo, de tal modo que cada fato consista, infinitamente, em muitos estados de coisa e, que cada estado de coisa seja composto por infinitos objetos, ainda assim terá que haver objetos e estados de coisas. Assim, em última análise, se o mundo é determinado pelos fatos, a “totalidade de fatos, determina; pois, o que é o caso e também o que não é o caso” (Tractatus, 1.12). As tais teses somam-se a outras, por exemplo:

a)      O mundo é constituído de fatos; para sua descrição usamos Estados de Coisa, os quais são substancia do mundo.
b)      O mundo é completamente descrito quando todos os fatos atômicos são conhecidos, juntamente com o fato de não existirem outros
c)       O mundo é determinado pelos fatos, e por serem todos os fatos (Tractatus, 1.2; 1.21; 2).

Ora, como nos afirma Wittgenstein: “Os fatos no espaço lógico são o mundo” (Tractatus, 1.13).            Isso significa que os elementos determinantes do mundo, os fatos – são estruturas complexas, contrariamente aos objetos, que são elementos simples. Os objetos são, portanto, caracterizados pela simplicidade, pela unidade e também pela indivisibilidade. Em outras palavras: “Os objetos são simples, sem partes” (KENNY, 1995, p.75). De outro modo, poderíamos dizer que os objetos são a estrutura dos fatos que determinam o mundo, isto é, “Os objetos são a substância do mundo” (MALCOM, 1986, p. 36).
     Só os fatos permitem-nos acesso ao mundo, isto é, só podemos exprimir e pensar o mundo a partir dos fatos; mas, a existência do mundo, não é um fato; pois o mundo, em sua totalidade, não é um fato particular, porém, um conjunto de fatos particulares. Por outro lado, “O mundo independe da minha vontade.” (Tractatus, 6.373). Assim, o sentido do mundo tem que estar fora do mundo, pois, no mundo tudo é como é e, tudo acontece como acontece; nele não existe qualquer valor. Se existe um valor que tenha valor, então tem que estar fora do que acontece e do que é, porque tudo o que acontece e tudo o que é, o é por acaso. Não pode estar no mundo o que o tornaria em não acaso, porque, mesmo assim, seria de novo acaso. Logo, “os sentidos do mundo têm que estar fora do mundo” (Tractatus, 6.41).
     Por isso, segundo Wittgenstein, não pode haver proposições da Ética, porque elas “não podem exprimir nada do que é mais elevado” (Tractatus, 6.42). É obvio, por conseguinte, que a Ética, não se pode por em palavras. É Transcendental. “A Ética e a Estética são Um” (Tractatus, 6.421). Todavia “O mundo conceituado como uma totalidade de fatos” não garante que tal totalidade possa ser descrita pela linguagem, visto que esta, segundo o Tractatus, é eminentemente referencial. Em termos teóricos, só é possível conhecer o mundo pela linguagem. Portanto, “Toda Filosofia é uma crítica da Linguagem.” (Tractatus, 4.0031). Por isso, Wittgenstein acha a conclusão evidente: “Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo” (Tractatus, 5.6). Só posso dizer e pensar o que está no mundo.
     Deste modo, encontra-se desprovido de qualquer sentido dizer que o mundo não exista, pois é passível da imaginação dizer que ele não exista; assim dizer que o mundo existe não é um fato, mas uma pura vivência indescritível, que só pode ser expressa através de uma proposição sem sentido, isto é, de uma pseudo-proposição. Por conseguinte, como já mencionamos anteriormente: “Do que não se pode falar deve-se calar” (Tractatus, 6.54).

OS FATOS

     Fato. Como defini-lo? A conceituação de Wittgenstein se afasta da habitual noção empírica do fato, ou seja, não se funda na experiência. O fato é aquilo que acontece, “é a existência de estados de coisas” (Tractatus, 2). Um estado de coisas pode, por sua vez, ser definido como “uma conexão entre objetos (coisas)” (Tractatus, 2.01).
     Por outro lado, trata-se de uma conexão necessária, pois, se não podemos pensar objetos especiais fora do espaço e objetos temporais fora do tempo, assim, também “não podemos pensar nenhum objeto fora da possibilidade de sua conexão com outros objetos.” (Tractatus, 2.0121). Há, portanto, uma necessidade de que os objetos liguem-se uns aos outros num estado de coisas, o que facilmente evidenciamos nas citações a seguir: 1) “Um estado de coisas (un sacheverhalt)[1] é uma combinação de objetos e coisas” (KENNY, 1995, p.73). 2) Um estado de coisas não é apenas uma junção de objetos, eles tem uma combinação (ordem). (MALCOM, 1986, p.29.).     Posto assim, como nos afirma Wittgenstein: “Num estado de coisas os objetos se conectam como elos de uma corrente.” (GLOCK, 1998, p. 159.).
     Wittgenstein, esclarece que os estados de coisas nada mais são do que a configuração dos objetos que, a princípio “estão uns para os outros de uma determinada maneira” (Tractatus, 2.032.). Concluímos que da existência ou não existência de estados de coisas, não se pode concluir a existência ou inexistência de um outro.
Todavia, convém ressaltar, que Wittgenstein utiliza os termos semelhantes, embora não idênticos, ao tratar dos estados de coisas. O primeiro é o conceito de mundo e o segundo é o conceito de realidade. Por conseguinte: “O primeiro uso no que se refere somente aos fatos positivos e segundo no que se refere aos fatos positivos e negativos; realidade, em outras palavras, é um termo mais extensivo” (MALCOM, 1986, p.29). Isso significa de acordo com o Tractatus que “a existência e a não-existência de um estado de coisas chamamos de realidade” (Tractatus, 2.06).
     A noção de estado de coisas remete-nos, por sua vez, aos constituintes finais do mundo, isto é, aos objetos. Wittgenstein identifica-os com “às coisas”. Também aqui ao referir-se ao “objeto”, Wittgenstein adota uma perspectiva ou concepção diversa daquela usualmente consagrada, tanto no espaço da linguagem natural quanto no que se refere à linguagem clássica da Filosofia. Para ele como abordaremos a seguir, trata-se apenas de uma noção lógica decorrente de pressupostos filosóficos.
     Assim, se o mundo é composto de fatos atômicos e estes, por sua vez, são complexos, então os elementos que os constituem – os objetos – devem ser necessariamente simples, sem partes. Conforme Norman Malcom, comentador de Wittgenstein: “Os objetos são simples elementos da realidade. Os objetos não são um ente linguístico” (MALCOM, 1986, p.25.). Ou como diz Wittgenstein: “O objeto é simples” (Tractatus, 2.02).
Sobre os objetos explica Wittgenstein:

Os objetos contêm a possibilidade de todas as situações.
A possibilidade de seu aparecimento em estados de coisas é a forma do objeto.
Todo enunciado sobre complexos pode-se decompor em um enunciado sobre as partes constituintes desses complexos, nas preposições que os descrevem completamente. (Tractatus, 2.014; 2.0141).

Por conseguinte, o objeto só existe porque existe o fato atômico. Mas isso, não o torna, menos independente, já que podemos encontrá-lo associado a qualquer fato atômico. Explica Wittgenstein:

Uma coisa é independente na medida em que pode ocorrer em todas as situações possíveis, mas esta forma de independência é uma forma de dependência (é impossível que as palavras apareçam de dois modos diferentes isoladamente numa proposição). (Tractatus, 2.0122).         

Até aqui, Wittgenstein descreveu as condições de existência do objeto. Todavia, como posso conhecê-lo?  E por que são simples? Parece-nos a princípio, que também aqui, Wittgenstein procurou nos dar uma resposta, pois, segundo ele, “Para conhecer um objeto tenho de conhecer não as suas propriedades externas mas, todas as suas propriedades internas” (Tractatus, 2.1231). Por isso, segundo Wittgenstein, os objetos devem formar a substância do mundo e, consequentemente, não podem ser compostos – conforme atesta o aforismo 2.021. Isso evidencia, portanto, como pensa Norman Malcom: “Tais objetos são fundamento para a teoria da Sintaxe Lógica do Tractatus” (1986, p.29).
     Também na linguagem encontramos resposta para a impossibilidade do objeto ser composto, pois segundo Wittgenstein, a proposição elementar, básica pode ser analisada em elementos e nomes em perfeita correspondência com os objetos que compõem o fato atômico que representa. Se por hipótese, a realidade for divisível indefinitivamente, jamais se poderia analisar a proposição em termos definitivos. Ou seja: cada frase declarativa de um complexo acerca de complexos deixa-se decompor numa frase declarativa acerca de suas partes constituintes e naquelas proposições que descrevem os complexos completamente, conforme nos atesta o Tractatus 2.0201. Não sendo composto, o objeto não pode ter suas propriedades descritas. Só é possível descrever as propriedades de estruturas complexas, quer dizer, de estados de coisas. Ora:

Ou uma coisa tem propriedades que nenhuma outra tem, e pode-se então sem distingui-las das outras através de uma descrição, e referi-la; ou então há diversas coisas, que têm em comum as suas propriedades, e é de todo impossível mostrar uma delas. Se nada distingue uma coisa, não posso distingui-la, porque se não fica distinta (Tractatus, 2.02331).

Assim, dois objetos da mesma forma lógica, excluídas as suas propriedades externas, só são distintos entre si por serem diferentes, segundo o aforismo 2.0233 do Tractatus Logico-Filosófico. É, por conseguinte, a simplicidade dos objetos que nos permite explicar o motivo do sentido das proposições da linguagem não dependerem dos fatos eu ocorrem. Nem sempre uma proposição significativa representa um fato deste tipo. Assim, nada nos impede de dizer que chove, mesmo quando o tal fenômeno não esteja ocorrendo. Do mesmo modo que posso me referir a seres imaginários, a exemplo daqueles que povoam histórias infantis; também posso fazer afirmações sobre personagens históricos já desaparecidos: “Sócrates foi um mártir da filosofia.” Em suma, é a existência de elementos simples constituídos de sentido que garante a uma proposição significativa, independentemente da ocorrência ou não do fato que lhe corresponde. Segundo David Pears, comentador renomado de Wittgenstein:

Wittgenstein não partilhava da preocupação de Russell com a maneira pela qual são compreendidos os sentidos da proposição factual. Preocupava-se ele com a estrutura básica desses sentidos e lhe era indiferente que essa estrutura se estendesse abaixo do nível em que o aprendizado ocorre. (PEARS, 1971, p.75).

Convém ressaltar que, apenas os fatos expressam um sentido, ao passo que, como analisaremos posteriormente, um conjunto de nomes, não pode. Ora conforme Wittgenstein: “Só os fatos podem exprimir um sentido, um conjunto de nomes não pode” (PEARS, 1971, p.33).
     Pelo exposto se pode perceber que o modo como a linguagem é tomado no Tractatus deixa evidente o afastamento de uma linguagem que possa comprometer a expectativa de clareza exigida na linguagem isomórfica. Desta forma, recuperando elementos de uma tradição apontada acima, o autor do Tractatus alerta para a impossibilidade de que as linguagens que não atendem ao critério de “espelhamento” devem ser tomadas como sem sentido no processo de referência do mundo. Wittgenstein reforça o papel das proposições no modo claro dos enunciados.
     Entretanto, a forma proposicional geral da proposição é: “as coisas estão assim”, o que sempre faz referência a um fato real, (nem todas as proposições são verdadeiras), elas referem antes de mais nada, um estado de coisas possíveis. Em contrapartida, Deus/ sentido de vida é identificado com o mundo que pode ser compreendido como destino, como algo que independe de nossa vontade, o que se entende como a identidade das coisas como elas realmente estão, em termos de realidade. Finalmente, Sentido da vida e do mundo, transcende também esse mundo, pois Ele, “não se revela no mundo” (Notebooks, 8.6 e Tractatus 6.41; 6.432). Isso só pode ser entendido quando aceita-se a ideia de que Deus/sentido de vida/mundo não são idênticos como o mundo realmente é, mas antes, é idêntico ao fato de eles realmente sejam.  

O SENTIDO DA VIDA: LUZ E SOMBRA

Na época em que estudava em Cambidge, wittgenstein leu a obra “As variedades da experiência religiosa” de William James, obra esta que apreciou grandemente. Isso pode ser compreendido a partir de trecho da carta que Wittgenstein escreveu para Russell:

Este livro me faz um bem tremendo. Não pretendo dizer que serei um santo em breve, mas não estou certo de que não me melhore um pouco de uma maneira que eu gostaria de melhorar muito: ou seja acho que me ajuda a espantar a Sorge (no sentido em que Goethe usou a palavra na segunda parte do Fausto. (MONK, 1995, p.61).

Um outro fato que demonstra a busca pelo sentido da vida de Wittgenstein foi o seu alistamento no serviço militar, mesmo diante de sua dispensa por motivo de uma hérnia que tivera em 1913, ele não se deixou abater. E foi através da luta na frente de batalha que surgiu o Tractatus. Nesta ocasião, ele já havia rompido sua amizade com Russell e Moore e encontrava-se distante do seu grande amor David Prinsent. Encontrava-se m uma grande crise existencial que pode ser caracterizada por: “Tormentos espirituais, depressões, efervescências anímicas, tensão intima extrema; este é o panorama interior de Wittgenstein na Noruega, imediatamente antes da Guerra”. (REGUERA, 1991, p.171).
É este o estado de Wittgenstein na Viena de 1914, sua existência carecia de um sentido permitindo prever um desfecho trágico, pelo suicídio ou mesmo uma profunda alteração da sua personalidade.
Toda a chamada crise existencial pela qual passara Wittgenstein, é um motivo que revela a necessidade que ele tinha de acertar contas consigo mesmo, estes desejos parecem ter surgido diante do embate surgido entre os estudos lógicos que ele desenvolvera e a atitude ética que deveria possuir perante a vida como pode ser depreendido por meio de um fragmento de uma carta que escrevera para Russell em 1913: “Talvez você julgue reflexões sobre mim mesmo um desperdício de tempo – mas como posso ser um lógico antes de ser humano! De longe a coisa mais importante é acertar contas consigo mesmo”. (MONK, 1995, p. 99).
Os motivos aqui apresentados revelam a suspeita de que esse acertar contas consigo mesmo é a constituição de uma condição para resolver uma questão lógica, Wittgenstein tinha a esperança de que um dia seria capaz de resolver esse problema: “(...) profundamente dentro de mim há um perpétuo fervilhar, como se a base de um gêiser, e fico esperando que as coisas entrem em erupção de uma vez por todas para que eu possa me transformar em uma pessoa diferente”. (MONK, 1995, p. 99).
De que modo se pode estimular esse gêiser? Aparentemente ao alistar-se no exército foi imprescindível para que isso funcionasse. Quando Wittgenstein realiza a leitura da obra As variedades da experiência religiosa de William James, descobre o valor moral de enfrentar a morte com heroísmo. Tal ideia também pode ser encontrada em Schopenhauer, que também exerceu forte influência sobre Wittgenstein:
(...) Portanto, é quase sempre preciso que grandes sofrimentos tenham quebrado a vontade para que a negação do querer se possa produzir. Não vemos um homem entrar em si mesmo, reconhecer-se e reconhecer também o mundo (...) receber a morte com alegria, não vemos um homem chegar aí senão depois de ter percorrido todos os degraus de uma aflição crescente, e ter lutado energicamente, estar perto de se abandonar ao desespero. Tal como a confusão mental se anuncia por um clarão,  também a chama da dor produz  nele uma fulguração de uma vontade que se dissipa, isto é, da  libertação. (SCHOPENHAUER, 1819, §68, p.521-522).    

  Tomando isto como base, é possível dizer que Wittgenstein, buscara sentido da vida através da aproximação com a morte. O problema é que ao alistar-se no exército sua relação com Russell e Moore havia se rompido, já com o amado David, a distância dava origem ao frio devastador de uma existência solitária.
Todos esses conflitos podem ser depreendidos a partir da leitura de diversos caderno de notas que Wittgenstein escrevera no período em que estava na guerra, são estas anotações que desvelam o drama existencial do austríaco solitário que encontra o sentido da vida nos perigos da frente de batalha segundo Reguera:
(...) estas páginas são o diário de um jovem de vinte e cinco a vinte sete anos que conta, ‘sua guerra’ sua batalha diária com a vida e com a morte, a carne e o espírito, consigo mesmo e com os demais, e, pelo que nos interessa acima de tudo, o seu trabalho filosófico. Uma guerra paralela à Grande Guerra, que ele escolhera voluntariamente como prova de fogo de seu caráter intelectual e moral que para ele eram o mesmo. (1991, p.168).       

Outra evidência de que o gêiser mencionado anteriormente acabou por entrar em erupção transformando Wittgenstein em uma pessoa diferente, isto é, uma pessoa redimida do ponto de vista lógico e ético, são os seus Diários Secretos   de 9/5/1916 em que ele menciona: “A morte dá à vida seu significado em primeiro lugar”. (1991, p.149). Segundo Paulo Roberto Margutti: Estas palavras quando lidas à luz de inúmeras preces que ele faz a Deus na época, revelam muito bem o estado de espírito ao mesmo tempo suicida e esperançoso. (1998, p.49).
É ao examinar o legado de Wittgenstein, a saber, seus escritos filosóficos, seus diários e também suas cartas se encontra repetidamente uma filosofia envolvida com os sofrimentos da vida pessoal do filósofo para apontar os problemas filosóficos e existenciais conforme se lê nos diários de 1930: “Libertar-se dos sofrimentos do espírito, isto significa libertar-se da religião” (WITTGENSTEIN, 2006, p.63.).
Isto é válido tanto para as questões éticas quanto religiosas, sobretudo, quando Wittgenstein não tinha aspiração de teorizar sobre nenhuma delas, porém se percebe a sua busca para resolver os problemas vitais do sentido da vida que “nenhuma proposição cientifica pode resolver” (Tractatus, 6.52).  Seus escritos são uma busca, francamente desesperada pela verdade e claridade e pode ser observado no modo como ele escreve. “A aspiração e a reforma moral são ao mesmo tempo um esforço por uma vida no espírito que para wittgenstein é uma envolvida pela luz” (SOMAVILLA, 2006, p.65).
Neste sentido, é possível chegar a algumas conclusões: Apresentamos que Wittgenstein aponta a diferença categorial entre fato e valor, entre mundo e vontade[2]; também demonstra que o mundo só é dito bom ou mau sob a perspectiva do eu, isto é, a partir de um sujeito volitivo, que se mostrou ser o portador da busca por sentido; essa demonstração da existência de um sujeito volitivo, porém, é sempre do eu para com o mundo. A resposta de Wittgenstein a tal pergunta será, então, relacionada ao conceito de forma de vida. Como esclarece Hans-Johann Glock, “o termo enfatiza [...] o entrelaçamento entre cultura, visão de mundo e linguagem” (GLOCK, 1998, p.174). A resolução do problema aponta para uma forma de vida que leve o problema da existência e do sentido do mundo a uma dissolução (não a uma resposta, visto que ela é impossível). Qual seria essa forma de vida? A resposta vaga de Wittgenstein é que seria a Boa Vida, a saber, a vida vivida sub specie aeterni.
A vida vivida sub specie aeterni é um olhar feliz para o mundo.  A primeira guisa é o reconhecimento da ineficácia causal da vontade. Isto é, a aceitação de que a vontade não altera os fatos. Isso resulta num redirecionar do modo de ver os fatos, o mundo. Para o autor, entender que o sentido de vida é absoluto significa que ele se basta, de tal modo que a vontade boa é a sua própria recompensa. Isto significa mudar os limites do mundo:
Mudar os limites do mundo significa colocar todos os fatos na mesma dimensão: nenhum é preferível em relação a qualquer outro. [...] Mudar os limites do mundo significa modificar as relações da vontade com a totalidade dos fatos. A vontade não pode desejar tudo. Ao contrário, deve desejar a facticidade. [...] O mundo enquanto totalidade dos fatos pode somente ser modificado se a vontade modificar-se a si própria, isto é, se deixar de querer. Repito: a vontade somente pode modificar-se a si própria adequando-se ao mundo. Ela muda, assim, os limites do mundo. (DALL‟AGNOL, 2005, p. 128).

Tendo em vista a inexistência de conexão entre proposições logicamente válidas, vontade e mundo, e que o sujeito volitivo se constitui justamente como aquele que é o portador da busca por sentido, e, a vontade completamente livre de qualquer relação causal com o mundo, há que se entender, a partir da sentença de que a vontade se forma em um agir frente ao mundo – uma atitude ética do sujeito frente ao mundo –, entende-se que essa ação é totalmente livre. E é por ela ser completamente livre,  que é possível viver a vida sub specie aeterni. Ser feliz é uma escolha do sujeito. A escolha é luz e sombra ao mesmo tempo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

     A convicção wittgensteiniana de que os problemas filosóficos repousam sobre a má compreensão de nossa linguagem é certamente devedora, respeitados o lócus típico de cada autor, de um modo de fazer filosofia que propugna a formalidade. No corpus do Tractatus está registrada a caracterização da natureza e os fundamentos da lógica bem como o trabalho de elucidação da identidade do sentido proposicional. As denominadas proposições lógicas não são proposições em sentido próprio uma vez que não representam fatos, a validade dessas supostas proposições não se mede por meio de sua comparação com um padrão exterior à realidade à qual poderiam ou não corresponder.
     O próprio Wittgenstein recordou que a lógica deve cuidar de si mesma e, uma síntese de suas convicções pode ser assim apresentada: os fatos, independentemente da manipulação linguística que podem sofrer, apresentam-se sob uma forma lógica, ou seja, estão configurados logicamente. Os fatos elementares, ditos fatos atômicos, são, constituídos de elementos simples. Além disso, o significado de um texto é um referente extralinguístico uma vez que uma palavra não é o objeto que ela representa – apenas denota, ou seja, é sua designação por meio de sinais.
     Existe e tentamos mostrar neste estudo, que o deslocamento da força proposicional em direção ao sentido de vida se esclarece pelo fato de que agora, é evidente para o autor a insuficiência na tentativa de se dividir a realidade em categorias. O acordo entre a lógica realidade não é mais sustentada pelo isomorfismo entre realidade e proposição onde a cada domínio da linguagem corresponde a um objeto do mundo.
     A partir disto, Wittgenstein intenta em demonstrar que só tem sentido enunciados que respeitam as condições da fórmula geral da proposição e sua relação com a figuração. O que isto significa?  Significa que são os enunciados que figuram estados de coisas. Tais figurações são chamadas proposições.  Portanto, denota-se que os enunciados não invadem as condições de sentido, são as proposições da Ciência, a qual está preocupada com a descrição e previsão de fatos – neste sentido, também os problemas científicos, são constituídos por sentido.
      Se o sentido de vida estivesse no mundo, poderia ele ser objeto de fundamentação, pois poderíamos falar de “fatos” da Ética, os quais poderiam ser enunciados e analisados e sobre isso poder-se-ia criar teorias. Mas, experimentamos o ato mental de imaginar que a Ciência resolvera todos os seus problemas, entendemos que ela mesma, não teria se quer alcançado os problemas da existência; e quando as experiências do ato mental de imaginar se faz presente nos sujeitos, surge a compreensão de que este ser onisciente não realizaria se quer um juízo de valor, ainda que entendesse e expusesse os fatos que nós julgaríamos. Disto concluímos que o sentido de vida é luz e sombra, pois esta busca por sentido, como entendida por Wittgenstein, não está no mundo e, portanto, juízos de valor absoluto não podem descrever os fatos. Assim, busca de sentido da vida, e Ciência se separam na medida em que pertencem a domínios diferentes: a primeira, ao místico, ao inefável, e a segunda aos fatos, ao dizível. O sentido da vida é sobrenatural, ou seja, extrafactual – não está no mundo.  Daí Wittgenstein relutar em se fazer compreender que juízos de valor simplesmente não são possuidores de sentido, dado que não são condições para compor o sentido das proposições. Isto não significa, contudo, que juízos de valor são inexistentes ou que sejam possuidores de falsidade; apenas significa que não são relativos, e isso é essencial para Wittgenstein.


AUTOR
*Mauricio Silva Alves possui graduação em Bacharelado em Filosofia pela Faculdade Vicentina (2009), Especialização em filosofia pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (2012), graduação em Licenciatura Plena Em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (2014) e Mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2013). Especialização em Tutoria e Educação à Distância pela Universidade Cândido Mendes (2014). Tem experiência na área de Filosofia da Educação, em Filosofia Geral e Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: o cotidiano como categoria filosófica em Wittgenstein. O ensino de filosofia como problema filosófico nas obras de Foucault e Gilles Deleuze. Atualmente é Professor de Filosofia e Ensino na Universidade Estadual de Feira de Santana-BA. E-mail: mauriciosilva_alves@yahoo.com.br


REFERÊNCIAS
DALL‟AGNOL, D. Ética e Linguagem: Uma introdução ao Tractatus de Wittgenstein. 3. ed. – Florianópolis: Ed. Da UFSC: São Leopoldo: Editora Unisinos, 2005.
GLOCK, H. J. Dicionário de Wittgenstein, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
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MALCOLM, N. Nothing is hidden: Wittgenstein's criticism of his early thought. Oxford: Blackwell, 1986.
MOK, R. Wittgenstein: O dever do gênio. Cia das Letras: São Paulo, 1995.
PEARS, D. As ideias de Wittgenstein. Trad. Octanny Silveira da Mota e Leonidas Hegenberg. São Paulo: Cultrix, 1971.
PINTO, P.R.M. Iniciação ao silêncio: Análise do Tractatus de Wittgenstein. Loyola: São Paulo, 1998.
REGUERA, I. Cuadernos de Guerra. In.: Wittgenstein. Taurus Editora: Madrid 1991.
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Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: EDUSP, 2ª. ed., 1994.
____________. Investigações Filosóficas. Lisboa: Fundação Calouste Gulberkian, 2002.



[1] Não obstante, “estado de coisas” é uma tradução literal, incapaz de dar por encerradas as questões de natureza exegética. Pois há também indícios de que a diferença entre estados de coisas e fatos, está na diferença entre o que possivelmente é o caso e o que de fato é o caso. (GLOCK, 1998, p.159).
[2] “Por que são independentes [vontade e mundo]? Porque as proposições “Eu quero que „p‟ seja o caso” e “p” são logicamente independentes, pois a relação entre estas proposições é contingente. Desse modo, não faz sentido pretender uma conexão necessária entre vontade e mundo.” (DALL‟ AGNOL, 2005, p.123).

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