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Noam Chomsky: propaganda e medo na política internacional

Jayme Benvenuto* 

RESUMO: Este artigo tem o objetivo de apresentar a compreensão de Avram Noam Chomsky a respeito das conexões entre a política, em especial a política internacional, a propaganda e o medo, como elementos da grandiosa estratégia imperial de dominação global, conduzida pelos Estados Unidos da América e seus sócios. Ao mesmo tempo em que procura demonstrar a força das ideias do autor norte-americano, o artigo expõe os pontos críticos na teoria chomskyana.
Palavras-chave: 1. Chomsky. 2. Propaganda. 3. Medo. 4. Política internacional.
            Avram Noam Chomsky é o intelectual vivo mais citado do mundo, com mais de quatro mil citações de sua obra relacionadas no Arts and Humanities Citation Index e o oitavo numa lista que inclui autores como Marx e Freud, entre as personalidades mais citadas de todos os tempos. Além disso, entre os anos de 1974 e 1992, Chomsky foi citado 1.619 vezes de acordo com o Science Citation Index (Barsky, 2004, p. 15). Ao completar 88 anos, em dezembro de 2016, o intelectual continuava ativo na publicação de livros, artigos e participando de filmes independentes por meio dos quais expõe seu pensamento crítico. A visita a sua página pessoal demonstra sua ampla capacidade de produzir ideias em áreas que incluem a linguística, a filosofia, a história, a história das idéias, as ciências cognitivas, a psicologia, a política nacional norte-americana e a política internacional.

            Apesar da vasta produção intelectual e do reconhecimento como um intelectual engajado, capaz de levar milhares de pessoas a auditórios ao redor do mundo[1], Chomsky passa como mais um intelectual nos corredores do MIT, o Instituto Tecnológico de Massachusetts, onde trabalhou por mais de quatro décadas, pelo simples motivo de que

nos Estados Unidos Chomsky é silenciado pelos grandes meios, inclusive pelos meios progressistas, e muitos dos universitários e intelectuais com quem cruza todos os dias provavelmente desconhecem o que ele diz (…), desenhando os Estados Unidos como um artefacto estranho que, por sua vez, é a maior democracia do mundo e é governado por uma elite autoritária que despreza a democracia. (Halperin, 2003, p. 8; tradução do autor)

            Em entrevista concedida a Halperin, Chomsky situa o surgimento do incômodo do Estado norte-americano em relação a si nos anos 1960, em que ele foi preso e respondeu a processo por “conspiração” devido à participação em movimentos em defesa dos direitos civis e políticos, muito em particular pelo direito de recusa legítima de jovens à participação na guerra do Vietnã. A atuação política era interpretada como uma agressão à atividade militar nos Estados Unidos. O processo judicial contra Chomsky não prosperou, em sua visão, devido ao fato de que não foram encontradas conexões, como o governo supunha, com regimes tidos então como suspeitos, como a Coreia do Norte e a Hungria, assim como porque não seria sustentável juridicamente imputar-lhe o crime de “conspiração”, quando suas ações eram integralmente públicas. O que tentaram chamar de conspiração era realizado de forma “completamente aberta” (Halperin, 2003, p. 55).

            A precaução quanto a ter uma agenda pública não impediu que Chomsky fosse sistematicamente monitorado pelo governo norte-americano em suas ações acadêmicas. “Provavelmente, esta conversa esteja sendo escutada pela Administração de Segurança Nacional” (Halperin, 2003, p. 11), disse ele ao entrevistador.

            O sistema perverso descrito por Chomsky para dominar o mundo - e que tem os Estados Unidos, seu próprio país, como líder incontestável - é composto pelos poderes político, militar, empresarial, midiático e educativo. Em outra ocasião e veículo, resumi nos seguintes pontos a visão chomskyana sobre a política internacional dos nossos dias:

1.  Os Estados Unidos da América são autores e lideram uma “grandiosa estratégia imperial” que se vale da “guerra preventiva” e de ações repressivas e terroristas pretensamente sustentadas pelo Direito Internacional. O método de dominação do mundo está relacionado à violência com que atua e financia, entendida como “um poderoso instrumento de controle”
2.  Os Estados Unidos da América se atribuíram o direito de empreender ações militares e travar guerras químicas e biológicas pelos motivos que consigam justificar, mesmo que não sejam plausíveis. Como corolário dessa afirmação, a soberania dos demais países pode ser ignorada tendo como pretexto a defesa dos direitos humanos.
3.  Na política de intervenção humanitária desenvolvida atualmente em diversas partes do mundo, a qualificação de violação a direitos humanos depende de quem seja o acusado. Os amigos criminosos merecem proteção e não se pode cogitar de cometerem violações a direitos humanos, enquanto os que se tornam inimigos merecem a mais severa punição com base nos mais altos princípios de direitos humanos.
4.  Está em curso um modelo de globalização controlada da “comunidade internacional”, através de meios complexos, que envolvem os diversos países do mundo (independentemente de serem mais ou menos poderosos) em atendimento aos interesses da potência imperial e seus aliados.
5.  Ao desenvolver uma estratégia de dominação do mundo com base na idéia de criação do “inimigo supremo” e do armamentismo nacional, a política de Washington estaria estimulando a proliferação de armas de destruição em massa no plano internacional e, consequentemente, fazendo do mundo um lugar mais inseguro.
6.  O verdadeiro caráter da política do mais poderoso país do mundo revela-se não pelo poder da retórica de seus presidentes e diplomatas, mas por suas ações e contradições práticas, muitas vezes encontradas no confronto entre os documentos e discursos oficiais e a observação prática.
7.  Os alvos de intervenções humanitárias das potências ocidentais são descartáveis no day after, o que confirmaria o descompromisso com os altos valores de proteção dos direitos humanos em condição universal, conforme retoricamente anunciados. (BENVENUTO, Lua Nova, São Paulo, 73: 123-145, 2008)

            As convicções de Chomsky segundo as quais o sistema de controle por ele descrito manipula os cidadãos do seu país – e do mundo – na medida em que reúne “os grandes partidos, as corporações, uma fatia muito especial de advogados, o poder militar e também os grandes meios de comunicação” (Halperin, 2003, p. 8; tradução do autor) são sustentadas por um arsenal propagandístico que ao mesmo tempo em que gera, alimenta-se do medo.

            Na condição de autor de orientação “anarco-sindicalista", Chomsky atribui a condição de sócios na tarefa de dominar o mundo a instituições – o Estado (em especial o poder militar), as grandes corporações econômicas, as universidades (e seus funcionários), a mídia – tão poderosa quanto difícil de ser confrontada, e ainda mais superada.

            Este artigo tem o objetivo de enfocar na compreensão do autor em relação às conexões entre a política, em especial a política internacional, a propaganda e o medo, como elementos de uma grandiosa estratégia de dominação global. Ao mesmo tempo em que procurarei demonstrar a força das ideias do autor, pretendo apresentar alguns pontos que considero dignos de serem problematizados em sua teoria.


A GRANDIOSA ESTRATÉGIA IMPERIAL

            Chomsky demonstra crer na existência de uma conspiração transnacional pela manutenção do status quo internacional a qual descreve como grandiosa estratégia imperial dos Estados Unidos da América. Embora não deixando de relacionar sua análise com outros períodos históricos, o trabalho de Chomsky se concentra sobretudo nas estratégias utilizadas por seu país para manter o poder mundial, papel assumido ao longo do século XX, e principalmente com o término da II Guerra Mundial. O projeto de controle internacional teria sido baseado em

estudos realizados já em 1941 (que) concluíam que o objetivo fundamental de longo prazo era que os Estados Unidos se transformassem na potência inquestionável do pós-guerra e agissem de forma tal que limitassem a soberania de qualquer Estado que pudesse interferir na política de adquirir supremacia militar e econômica […] (2004a, p. 16)

            A grandiosa estratégia imperial seria baseada no direito auto-instituído de empreender “guerra preventiva” quando desejar, com respaldo no direito internacional contemporâneo e certamente no poderio militar inquestionável. (Chomsky, 2004b, p. 18) Entre outras, a categoria jurídica “crimes de guerra” é apresentada como maleável o suficiente para ser usada ou descartada quando se apresentar conveniente do ponto de vista político e militar. Não fora por outra razão que os EUA anunciaram que ignorariam o Conselho de Segurança da ONU com relação ao Iraque quando do ataque às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001, ignorando as normas multilaterais e passando a adotar o uso da força unilateral. (Chomsky, 2004b, p. 19).

            A conveniência da guerra preventiva seria a de que para se encaixar na categoria, o alvo "precisa ser totalmente indefeso”, “ter importância suficiente para compensar o esforço”; e “haver um meio de pintá-lo como a mais terrível e iminente ameaça à nossa sobrevivência.” (Chomsky, 2004b, p. 23).

            Além de manter o poder político global no cenário mundial, o objetivo da grandiosa estratégia imperial conduzida pelos Estados Unidos da América seria manter o sistema econômico capitalista. Em cada situação geopolítica objeto de sua análise, Chomsky identifica as conexões com o poder econômico, como faz no que se refere às intenções estadunidenses relacionadas ao conflito no Iraque:

Os programas econômicos que têm sido anunciados seguem o estandarizado modelo neoliberal, na tentativa de transferir o controle da economia iraquiana para corporações multinacionais e instituições financeiras, a maior parte baseadas nos Estados Unidos. (…) Uma base militar no Iraque será a primeira no coração da maior região de produção energética que é verdadeiramente confiável, sempre que ao Iraque não seja permitido ir além da independência formal. (Halperin, 2003, p. 17; tradução do autor).

            O final da citação anterior demonstra a visão do autor de que o controle exercido pelos Estados Unidos da América sobre seus parceiros seria sobretudo político. Uma vez fosse demonstrada a intenção dos atores políticos de escaparem ao controle político, seria retirado o apoio econômico e político, passando a se constituir em objeto da luta por dominação.

            O programa de controle global estaria em inteira compatibilidade com os gastos norte americanos em matéria militar: o mesmo que todo o resto do mundo reunido. Na contramão do que o mundo aprendeu a conhecer e louvar sobre os Estados Unidos da América, Chomsky considera seu próprio país um “estado totalitário”, não muito diferente de outros com pretensões imperiais, como a Rússia e a China. Colocar os Estados Unidos da América no spotlight de suas críticas tem o sentido consciente de dar correspondência à importância que o país tem no plano mundial como exemplo de democracia.

Num estado totalitário, não importa o que o povo pensa, já que o governo pode controlá-lo pela força usando um cacete. Mas quando você pode controlar o povo pela força, você tem que controlar o que o povo pensa, e o modo padrão para fazer isso é pela via da propaganda (criação de consenso, criação de ilusões necessárias), marginalizando o público em geral ou limitando-lhes à apatia de alguma moda. […] Numa sociedade totalitária, a guerra é um negócio sério e […] o ditador simplesmente diz ‘estamos indo à guerra’ e todos marcham (Manufacturing consent, 1992, tradução do autor).
           
            A grandiosa estratégia imperial teria sido reforçada, sob Bill Clinton e Tony Blair, pela ideia de um “novo internacionalismo”, a qual seria justificada pela intolerância brutal aos grupos étnicos que incomodam o império e “seu sócio britânico”. Segundo ele, a nova ordem internacional tratou de atribuir-se legitimidade exclusiva para agir em nome da comunidade de nações, usando a força sempre que considerasse adequado e em obediência às “modernas noções de justiça”.

            A doutrina da nova ordem internacional global, para Chomsky, resume-se à palavra de ordem: “os tiranos que se cuidem”. Sua análise é focada nos objetivos anunciados pelos Estados Unidos, e certamente seu “sócio britânico” e pela OTAN para a intervenção em diversas partes do mundo com os objetivos anunciados de “garantir a estabilidade”; “conter a limpeza étnica”; e “garantir a credibilidade da OTAN”.

            Ao tratar das intervenções humanitárias, Chomsky não se restringe a enquadrar o termo na definição legal constante das convenções internacionais de Direito Humanitário. Considera intervenções humanitárias as ações, embora unilaterais, de potências militares no sentido de retórica e formalmente justificarem a manutenção da paz em regiões conturbadas, tendo como base os princípios de respeito aos direitos humanos e humanitários mais relevantes.

            Na perspectiva chomskyana, são as grandes potências ocidentais, mais do que tudo através da OTAN, que praticam crimes internacionais (genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra) nos dias atuais, sob o manto de construção da democracia e de respeito aos direitos humanos – o que constitui, por óbvio, uma inversão na perspectiva tradicionalmente aceita, sobretudo pelos realistas. A estas ações Chomsky contrapõe inúmeros exemplos em que as potências ocidentais toleram ou mesmo estimulam – na medida em que emprestam apoio político, militar e financeiro – as atrocidades cometidas pelos amigos, aqueles que, no exercício dos poderes locais, dão sustentação à política internacional que lhes interessa. É o caso dos amigos turcos, em 1997, sob Clinton:

Graças ao fornecimento constante de armamento pesado, treinamento militar e apoio diplomático, a Turquia conseguiu esmagar a resistência curda, deixando dezenas de milhares de mortos, de dois a três milhões de refugiados e 3.500 aldeias destruídas (sete vezes o Kosovo bombardeado pela Otan)” (2003b, p. 18).

            O que outros autores vêem como contingência natural da política do mais forte sobre os mais fracos, política, financeira e militarmente, Chomsky vê como conivência interessada em legitimar políticas semelhantes em outras partes do planeta.

Praticamente todos os governos fizeram o impossível para se aliar à coalizão liderada pelos Estados Unidos, sempre por seus próprios motivos. Assim, um dos primeiros países a se aliar, com grande entusiasmo, foi a Rússia. Por que a Rússia? Porque eles querem autorização para dar continuidade, mais ativamente, às suas próprias atrocidades na Chechênia. A China aliou-se de muito bom grado. Eles ficam encantados por contar com o apoio norte-americano para repressão no ocidente da China. A Argélia, um dos maiores países terroristas do mundo, foi recebida de braços  abertos na ‘coalizão contra o terrorismo’. [...] Atualmente, há tropas turcas em Cabul, ou logo haverá, pagas pelos Estados Unidos para travar a Guerra contra o Terrorismo. Por que a Turquia está oferecendo soldados? Na verdade, eles foram o primeiro país a oferecer tropas aos Estados Unidos no Afeganistão [...]. Foi por gratidão – porque os Estados Unidos foram o único país que se dispôs a lhes dar apoio maciço em suas próprias enormes atrocidades terroristas no sudeste da Turquia, nos últimos anos. […] Clinton estava inundando o país de armas. A Turquia tornou-se o principal destinatário de armas do mundo, além de Israel e do Egito. (2005, pp. 21-22)
           
            Por esse critério, os Estados violentos podem agir como quiserem, com a aprovação das classes instruídas e da mídia. Estados com ímpetos imperiais regionais, como a Rússia e a China, se sentiriam cômodos em seguir a doutrina norte-americana de segurança nacional. A China estaria respondendo exatamente como esperado, através do aumento de sua capacidade militar nuclear ofensiva, que obrigaria a Índia a responder da mesma maneira, o que, por sua vez, obrigaria o Paquistão a responder em igual proporção. Logo, essa cadeia atingiria o Oriente Médio e grande parte do resto do mundo. A administração norte-americana estaria, assim, dando exemplo ao resto do mundo ao desenvolver novas armas nucleares, o que certamente faria com que outros viessem a agir da mesma maneira, já que não seria razoável esperar o contrário. Como consequência, em sua visão, atualmente “o mundo é um lugar mais inseguro” (2004a, p. 34).

            Em conexão com tais desenvolvimentos, está a ideia de que os grandes estados do mundo são estados terroristas. Nesse aspecto, Chomsky vale-se dos ensinamentos de Santo Agostinho para demonstrar que é tênue a diferença na caracterização de “piratas e imperadores”:

Santo Agostinho conta a história de um pirata capturado por Alexandre, o Grande, que lhe perguntou: ‘Como você ousa molestar o mar?’. ‘E como você ousa desafiar o mundo inteiro?’, replicou o pirata. ‘Pois, por fazer isso apenas com um pequeno navio, sou chamado de ladrão; mas você, que o faz com uma marinha enorme, é chamado de imperador.’ A resposta do pirata [...] ilustra com certa exatidão as relações atuais entre os Estados Unidos e vários outros atores no plano do terrorismo internacional: a Líbia, facções da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e outros. (Chomsky, 2006, p. 259)

            Em relação a um dos temas mais caros a Chomsky, o terrorismo, ele o vê como um dispositivo em que os sócios co-constroem, co-justificam e se responsabilizam pelas realidades criadas. No contexto da guerra fria,

Não é(era) terrorismo (…) quando forças paramilitares, operando a partir de bases americanas e treinadas pela CIA, bombardeiam(avam) hotéis cubanos, afundam(avam) navios pesqueiros e atacam(avam) navios soviéticos em portos cubanos, envenenam(avam) plantações e animais de criação, tentam(avam) assassinar Fidel Castro e assim por diante, em missões que eram realizadas quase semanalmente no auge da campanha. (Chomsky, 2006, p. 10)

            Para Chomsky o significado original de terrorismo considerado como terrorismo de Estado precisa ser resgatado. Originalmente, estes são atos de violência cometidos pelo Estado, no fim do século XVIII, com o intuito de garantir a submissão popular. Com o passar do tempo, atendendo a interesses dos imperadores de todos os tipos, o termo passara a ser empregado para designar, principalmente, terrorismo de pequena escala, praticado por pessoas ou grupos (2006, p. 259). Tal concepção abre caminho, a seu juízo, para a afirmação do princípio segundo o qual:

quando alguém pratica o terrorismo contra nós ou contra nossos aliados, isso é terrorismo, mas, quando nós ou nossos aliados o praticamos contra outros, talvez um terrorismo muito pior, isso não é terrorismo, é antiterrorismo ou guerra justa” (2005, p. 78).

            O mesmo padrão de comportamento se aplicaria à Colômbia, a cujo país Chomsky atribui o pior histórico de violação dos direitos humanos da década de 1990, ao mesmo tempo em que é o maior beneficiário da ajuda e do treinamento militar dos EUA para “eliminar” seus inimigos (deles e dos próprios EUA). Certamente, no caso da Colômbia, há a particularidade de que as atrocidades são atribuídas a paramilitares, estreitamente ligados às forças armadas que recebem ajuda e treinamento dos Estados Unidos da América, “todos seriamente envolvidos com o narcotráfico”. A questão da plausibilidade das razões apresentadas para as intervenções unilaterais persiste:

[...] o pretexto se baseia na notável pressuposição, praticamente não questionada, de que os EUA têm o direito de empreender ações militares e travar guerras químicas e biológicas em outros países para erradicar uma lavoura de que não gostam, apesar de, supostamente, as ‘modernas noções de justiça’ não darem à Colômbia – ou à Tailândia, à China e a muitos outros – o direito de fazer o mesmo na Carolina do Norte para eliminar uma droga muito mais letal que foram obrigados a aceitar (e divulgar) sob a ameaça de sanções comerciais, a um custo de milhões de vidas (2003, p. 25).
           
            A grandiosa estratégia imperial caracterizada por Chomsky só é possível graças à sustentação e à participação na própria estratégia de instituições globais poderosas.


OS SÓCIOS DO IMPÉRIO

            Se o império atual tem como nome Estados Unidos da América e seu sócio estatal principal é o Reino Unido, na descrição de Chomsky os objetivos não são alcançados sem que participem da grandiosa estratégia imperial os setores que lhe dão suporte: a mídia, o poder militar, a Intelligentsia abrigada nas grandes universidades do mundo. Os sócios do império seriam, na realidade, co-participantes de um aparato propagandístico montado para dar sustentação ao sistema político e econômico vigente, diante do que a economia capitalista é de fato o que move a estratégia.      

            A primeira operação de propaganda governamental norte-americana teria sido produzida pelo presidente Woodrow Wilson, com a assessoria de diversos intelectuais, por meio da Comissão Creel, com o objetivo de “transformar uma população pacifista numa população histérica e belicosa que queria destruir tudo o que fosse alemão, partir os alemães em pedaços, entrar na guerra e salvar o mundo.” (Chomsky, 2014, p. 7) Segundo Chomsky, aquela teria sido o contraponto da propaganda nazista de Hitler, “patrocinada pelo Estado, quando apoiada pelas classes instruídas” e teria como pressuposto a ideia, comum a certo liberalismo, ao leninismo e ao nazismo, de que “as massas ignorantes (…) são estúpidas demais para compreender sozinhas” (Chomsky, 2014, p. 8) os assuntos governamentais, em especial os de política internacional. De acordo com essa visão, a função do “rebanho desorientado” é a de ser “expectador”. (Chomsky, 2014, p. 8) Assim,


Para a classe política e para os responsáveis pela tomada de decisões, elas têm de oferecer uma percepção razoável da realidade, embora também tenham de incutir nele (o rebanho) as convicções certas. Mas lembrem-se: existe aqui uma premissa não declarada. A premissa não declarada - e mesmo os homens responsáveis têm de escondê-la de si próprios - tem que ver com a pergunta de como eles alcançam a posição em que têm autoridade para tomar decisões. A maneira como fazem isso, naturalmente, é servindo as pessoas que têm poder de verdade. As pessoas que têm o poder de verdade são as donas da sociedade, e elas fazem parte de um grupo bem reduzido. (Chomsky, 2014, p. 9-10)

            O elemento propulsor da propaganda política é o medo, que faz com que as pessoas se mobilizem contra o que consideram uma ameaça a suas próprias existências. “A lógica é cristalina. A propaganda política está para uma democracia assim como o porrete está para um Estado totalitário.” (Chomsky, 2014, p. 10) Seu compromisso é “controlar a mente da população.” (Chomsky, 2014, p. 10).

            Desde então, a propaganda estaria presente nos governos dos Estados Unidos. Durante o governo Ronald Reagan, que assumiu o poder em 1981, o objetivo seria o combate ao “terrorismo internacional”:
O governo estava empenhado na implementação de três políticas correlatas, todas realizadas com sucesso considerável: 1) transferência de recursos dos pobres para os ricos; 2) um aumento em larga escala da economia estatal pela forma tradicional, por intermédio do Pentágono (orçamento militar), artifício para compelir o público a financiar a indústria de alta tecnologia, por meio do cativo mercado estatal, para a produção de inutilidades de alta tecnologia e, com isso, contribuir com o programa de subsídios públicos, lucros privados (denominados “livre iniciativa”); e 3) um aumento significativo da intervenção americana, de operações subversivas e do terrorismo internacional (no sentido lexicológico do termo). (Chomsky, 2006, p. 14-15)           
            A ideia de que “Os verdadeiros objetivos a que tais políticas visam não podem ser revelados ao povo” casa bem a conclusão de Chomsky com ideia de uma grandiosa estratégia imperial da qual os bobos da corte não se dariam conta de como são utilizados pelos governos e seus sócios. O artifício para alcançar os objetivos junto às populações manipuláveis seria o medo, uma verdadeira “artimanha" por meio da qual a propaganda se valeria de recursos discursivos como “Império do Mal”, “guerra contra o terror”, “quem não está conosco está contra nós”, entre outros.

            No auge da Guerra Fria, mais precisamente em 1971, em debate com Michel Foucault na TV holandesa, Chomsky contra-constrangia o sistema, afirmando:

Pelo que sei, na mídia de massas americana você não pode encontrar um único jornalista socialista ou um único comentarista político sindicalizado que seja socialista. Do ponto de vista ideológico a mídia de massas é quase 100% ‘capitalista de estado’. Num certo sentido, temos aqui a ‘imagem-espelho’ da União Soviética, onde todos que escrevem no Pravda representam a posição a que chamam ‘socialismo’. [...] há a marcante homogeneidade ideológica da intelligentsia americana em geral, que raramente provém de uma das variantes da ideologia capitalista estatal (liberal ou conservadora) (Chomsky e Foucault, 2007, p. 75, tradução do autor)

            Assim vista por ele, a grande mídia é aliada dos grandes estados na ocultação de fatos de interesse de suas sociedades. Um dos aspectos em que Chomsky mais insiste quanto ao papel desempenhado pela mídia é com relação à ocultação de informações do grande público, com o que se manifestaria a intenção de retirar a liberdade de informação, ao contrário do que os postulados liberais levariam a crer.
A guerra terrorista dos EUA em El Salvador não é assunto para discussão entre pessoas respeitáveis; isso não existe. O esforço americano de "deter" a Nicarágua é assunto discutível, mas dentro de limites estreitos. (Chomsky, 2006, p. 65)
            A propósito do conflito árabe-israelense, Chomsky faz menção ao veto do governo Carter à proposta construída, no âmbito das Nações Unidas, de uma resolução que concluiria pela coexistência de dois estados na Palestina, mediante o entendimento de que os estados da região teriam o direito de viver em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas. Atendendo a pressões de Israel e de setores político-econômicos poderosos nos EUA, o governo Carter vetara a proposta, com a complacência da mídia e da intelectualidade.

            O sistema ideológico-midiático ao qual Chomsky faz referência é aquele que deliberadamente distorce informações, vendendo a ideia de que a política norte-americana seria “moderada”, enquanto que a dos outros (países e grupos) seria “extremista" ou mesmo “terrorista”, ao passo que os métodos e as intenções seriam os mesmos ou assemelhados.

            Chomsky se refere igualmente a um padrão duplo adotado pelos principais veículos da mídia, em Israel e nos Estados Unidos, diante de um mesmo acontecimento. No contexto do conflito árabe-israelense (que ele entende ser melhor designado como conflito árabe-israelense-norte-americano), Chomsky diz que o envio de novos helicópteros militares, em 2001, foi digno de ampla difusão pela mídia israelense, enquanto que a mídia norte-americana escondeu a informação dos contribuintes, certamente por razões políticas.

A única menção que se fez do acontecimento nos EUA foi numa matéria assinada em Raleigh, Carolina do Norte. A condenação que a Anistia Internacional fez da venda de helicópteros americanos foi ignorada também. E nada mudou nos meses seguintes, inclusive em relação a uma carga despachada em fevereiro de 2001, por conta de uma transação de 5 bilhões de dólares, a compra de helicópteros Boeing Apache Longbow, os mais avançados do arsenal americano, noticiada superficialmente nos Estados Unidos como simples transação comercial. (Chomsky, 2006, p. 263)

            No contexto do ataque às torres gêmeas, Chomsky faz menção ao editorial do New York Times do dia 16 daquele setembro de 2001, em que o jornal se pronuncia de maneira a gerar comoção, alimentar o medo e ao mesmo tempo angariar apoio para uma investida militar: “Os responsáveis agiram pelo ódio que nutrem contra os valores prezados no Ocidente, tais como liberdade, tolerância, prosperidade, pluralismo religioso e voto universal”. (Chomsky, 2002, p. 33) A conclusão proporcionada por Chomsky é de que os atos dos EUA são irrelevantes para explicar os ataques às torres gêmeas e demais espaços territoriais norte-americanos naquele dia trágico de setembro de 2001. Se nada pode justificar o acontecimento de 11 de setembro, não seria apropriado, na perspectiva chomskyana, aceitar a posição dos EUA como o de uma “vítima inocente”, com o que se estaria ignorando "o histórico de suas ações". (Chomsky, 2002, p. 38).

            No aspecto militar, a OTAN e a Escola das Américas teriam papel fundamental na criação de antagonistas e na difusão de ideias que contribuiriam para o sucesso da estratégia. A OTAN seria responsável pelas piores campanhas de limpeza étnica da década de 1990 no Leste Europeu. Lideraria um esquema e um discurso capaz de dar importância inquestionável ao poderio militar, incluindo a distribuição de armamentos, o que requereria vultosos investimentos e alimentaria novos conflitos, por sua vez justificadores de mais investimentos. Em relação à associação liderada por Clinton e Blair, diz Chomsky:

A nova geração estabeleceu os limites colocando conscientemente a maior quantidade possível de armas nas mãos de assassinos e torturadores - não apenas armas, mas aviões, tanques, helicópteros, todos os mais avançados instrumentos de terror - às vezes em segredo, porque as armas eram enviadas violando legislação do Congresso. (2003b, p. 19).

            No que especificamente se refere à Escola das Américas, Chomsky destaca entre seus feitos a aniquilação da Teologia da Libertação, mediante o discurso de “aperfeiçoamento democrático”. Seja no contexto latino-americano seja no contexto do conflito árabe-israelense-norte-americano, o poder militar norte-americano potencializaria amigos, os quais certas vezes se tornam inimigos. A política norte-americana teria contribuído para não apenas tornar o mundo mais inseguro, mas também para afirmar “pressupostos racistas que não seriam tolerados se declarados abertamente.”  (Chomsky, 2006, p. 47).

            O discurso militar e midiático teria sustentação da maioria dos intelectuais, os quais escreveriam artigos e dariam aulas em que a tônica seria para o fator civilizador das políticas e ações dos principais estados do planeta e para os “absurdos”  praticados pelos estados menores, sobretudo aqueles que são qualificados como estados falidos. Aí estariam incluídas vozes que festejariam que os Estados Unidos fossem firmes, duros, determinados, como forma preventiva e educativa, e sempre com a finalidade de instaurar ou restaurar a democracia e o respeito aos direitos humanos.
            A propósito do conflito soviético no Afeganistão, Chomsky trabalha com a pressuposição de que o poder militar teria construído e a mídia expandido o “esforço para apagar os registros e fazer crer que os Estados Unidos foram meros e inocentes espectadores.” (Chomsky, 2002, p. 20).

            Os militares são acusados por Chomsky de darem sustentação a esquemas dos quais fazem parte prisões secretas, onde os detentos são mantidos em "condições chocantes e sujeitos a espancamentos e torturas com choques elétricos” (Chomsky, 2006, p. 92), entre outras práticas pré-modernas. No que se refere ao conflito com a Nicarágua, Chomsky diz que
Os terroristas que (George) Shultz comanda na Nicarágua (…) são especializados justamente em ataques assassinos contra civis, acompanhados de torturas, estupros, mutilações; a odiosa história de terror deles está bem documentada, embora tenha sido ignorada e esquecida rapidamente, e até negada pelos partidários do terrorismo. (Chomsky, 2006, p. 119)
            Na aliança envolvendo o poder militar, a mídia e os intelectuais, o objetivo é certamente "mobilizar a população” para a sustentação do status quo político e econômico global.


BEYOND CHOMSKY

            Em outro artigo a respeito do autor, publicado em 2008, concluí que "O desafio da sociedade é imenso, considerando o quadro de análise chomskyano”.  (Benvenuto, 2008, p. 145) Tendo em vista que para Chomsky “é sensato lutar por um mundo melhor, mas não alimentar veleidades e ilusões sobre o mundo em que vivemos” (Chomsky, 2003b, p. 157), vale a pena concluir este artigo com uma breve reflexão a respeito do tamanho do desafio contido por trás de suas palavras.

            Tomarei como elemento chave para esta breve reflexão uma das questões mais relevantes na análise chomskyana: a ideia de que propaganda política a que ele se refere é uma propaganda de guerra para sustentar a grandiosa estratégia imperial, embora não exista uma guerra global em termos jurídicos. A esse respeito, Chomsky dirá que não temos uma guerra descrita enquanto tal porque o direito internacional contemporâneo não dá sustentação ao conceito. Em outras palavras, o sistema do qual faz parte a intelligentsia internacional cria suas normas e definições jurídicas conforme as conveniências políticas.

            Esta condição nos coloca numa enrascada sem tamanho na medida em que, se todos esses poderes estão articulados em torno de uma propaganda de guerra capaz de sustentar a grandiosa estratégia imperial - e eles são de tal forma poderosos -, poderíamos ser tentados a sustentar a conclusão de que há duas saídas possíveis.

            A primeira saída seria o esclarecimento da população - como Chomsky vem propondo por meio de suas palestras, livros e filmes. A análise chomskyana parece conduzir à compreensão de que a alternativa é o empoderamento das pessoas, por meio de informação, para que entendam melhor o mundo em que vivem e a partir dessa tomada de consciência possam fazer melhores escolhas, sobretudo relacionadas aos governos. A partir da tomada de consciência da forma como os políticos, a mídia, a Intelligentsia e o poder militar manipulam as consciências humanas, poderia haver um levante popular de tamanha proporção que o próprio sistema se encarregaria de se rearrumar em termos mais democráticos.

            Não se pode deixar de enxergar, entretanto, a possibilidade de que o complexo quadro de análise proposto por Chomsky considere pouco as dissidências existentes dentro do próprio sistema - as quais poderiam estabelecer uma permanente tensão entre posições - e que o jogo politico esteja de tal maneira embolado que as populações, sobretudo dos grandes países do mundo, prefiram adotar uma posição conformista.        Nesse quadro, a cada denúncia contra os pressupostos da grandiosa estratégia imperial o sistema responderia de tal forma articulado que as palavras dos articulistas críticos não passariam de fagulhas lançadas ao vento capazes de desaparecer sem que o poder político, a mídia, os militares e a intelligentsia tomassem conhecimento de sua breve existência.

         Finalizo este artigo um dia após a autorização de Donald Trump para os bombardeios unilaterais na Síria, atingindo civis de forma indiscriminada, segundo se tomou conhecimento. As ações de Trump deverão ser descritas por Chomsky como crimes contra a humanidade não respaldados pelo direito internacional contemporâneo.

            A propósito das relações entre a política e a mídia, cabe lembrar aqui que a eleição de Donald Trump foi realizada em plena era da Internet aberta, e deu margem a acusações de manipulação do eleitorado pela mídia, tanto a tradicional como a alternativa, com sinais de virulência e desatino político. O acesso à informação, conforme temos visto em tempos de Internet aberta, pode levantar a suspeita de que o eleitorado não propriamente se deixa enganar, mas faria parte de uma engrenagem da qual ele próprio é produtor de sentidos.

            Diante desse tipo de cenário cabe perguntar se as populações das nações  poderosas (e do mundo como um todo) estariam dispostas um dia a se insurgirem contra o estado de coisas que parecem conhecer. Havendo o desejo, quais meios a população dispersa possui para se insurgir contra poderes armados com mísseis, bombas, TVs, rádios e Internet aberta a todo tipo de informação. E se estivermos diante de um estado de coisas em que as populações não sejam tão manipuladas como supõe Chomsky, mas prefiram permanecer diante de realities de TV (como os big brothers e as competições gourmet de hoje em dia), redes sociais e telas de sexo interativo - deixando a política nacional e internacional para poucos? Não concluirei que esta escolha importaria em adesão à grandiosa estratégia imperial, mas que deixando as questões que importam aos poderosos de sempre as populações não parecem ser nada ingênuas ou manipuladas. Parecem ser parte do jogo, como acontece com a participação, ora direta, ora indireta, nos big brothers.

AUTOR
Jayme Benvenuto é Professor Adjunto da Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA) no curso de Relações Internacionais. Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 do CNPq. E-mail: benvenutolima@uol.com.br / jayme.benvenuto@unila.edu.br

REFERÊNCIAS: 

LIVROS
BARSKY, R. F. 2004. Noam Chomsky – A vida de um dissidente. São Paulo: Conrad do Brasil.
BENVENUTO, J. Lua Nova, São Paulo, 73: 123-145, 2008.
CHOMSKY. 2002. 11 de setembro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
CHOMSKY, N. 2003a. Contendo a democracia. Rio de Janeiro: Record.
CHOMSKY, N. 2003b. Uma nova geração decide o limite: os verdadeiros critérios das potências ocidentais para suas intervenções militares. Rio de Janeiro: Record.
CHOMSKY, N. 2004a. “Os dilemas da dominação”. In: BORON, Atílio (org.). Nova hegemonia mundial: alternativas de mudança e movimentos sociais. Buenos Aires: Clacso, pp. 15-36.
CHOMSKY, N. 2004b. O império americano. Rio de Janeiro: Campus.
CHOMSKY, N. 2005. Poder e terrorismo. Rio de Janeiro: Record.
CHOMSKY, N. 2006. Piratas e imperadores, antigos e modernos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
CHOMSKY, N.; FOUCAULT, M. 2007. The Chomsky-Foucault debate on human nature. New York: The New Press.
CHOMSKY, N. 2014. Mídia: propaganda política e manipulação. São Paulo: Martins Fontes.
HALPERIN, Jorge. 2003. Conversaciones con Chomsky. Santiago: Editorial Aún Creemos en los Sueños.
MITCHELL, P. R.; SCHOEFFEL, J. (orgs.) 2005. Para entender o poder – O melhor de Noam Chomsky. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

FILMES
Manufacturing consent: Chomsky and the media. Mark Achbar e Peter Wintonick (diretores). 1992. Austrália, Finlândia, Noruega, Canadá: Zeitgeist Films, 167 min. On globalization. Rage against the machine. Entrevista com Zach De La Rocha. 11 min.
Poder e terrorismo: Noam Chomsky em nossa época. 2002. John Junkerman (diretor). Nova York: First Run Features. 74 min.
Power versus justice. Fragmentos de debate na TV holandesa em 1971, publicados no Youtube. Parte 1 (06:50 min.); Parte 2 (06:02 min.)
The corporation. Mark Achbar e Jennifer Abbott (diretores). Canadá. 145 min.

INTERNET






[1] Em 2002, durante a segunda edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, Chomsky foi ouvido por uma plateia atenta constituída por 20 mil pessoas.

FEIRA DE SANTANA-BA | nº 5 | vol. 1 | Ano 2017

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